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2012 - Livro Vermelho 2013

Angelonia integerrima Spreng. LC

Informações da avaliação de risco de extinção


Data: 19-09-2012

Criterio:

Avaliador: Danielli Cristina Kutschenko

Revisor: Tainan Messina

Analista(s) de Dados: CNCFlora

Analista(s) SIG:

Especialista(s):


Justificativa

Angelonia interrima é uma espécie herbácea ocorrente nos estados Mato Grosso, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. Possui uma extensão de ocorrência de 362.135km², desenvolve-se em ambientes campestres de Mata Atlântica, Cerrado e Pampas. Apesar de ocorrer em áreas de pressão antrópica a espécie é bem distribuída, ocorre em áreas protegidas e é abundante. Diante disso, Angelonia interrima é uma espécie menos preocupante (LC).

Taxonomia atual

Atenção: as informações de taxonomia atuais podem ser diferentes das da data da avaliação.

Nome válido: Angelonia integerrima Spreng.;

Família: Plantaginaceae

Mapa de ocorrência

- Ver metodologia

Informações sobre a espécie


Notas Taxonômicas

Descrita em Syst. Veg. (ed. 16) [Sprengel] 4(2, Cur. Post.): 235. 1827. Nomes populares: "Angelônia" e "Violeta-do-campo" (Mentz et al., 1997).

Potêncial valor econômico

Utilizada para fins medicinais (Mentz et al., 1997).

Distribuição

Ocorre nos estados do Mato Grosso do Sul, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul (Souza, 2012).

Ecologia

Caracteriza-se por ervas ou subarbustos, terrícolas(Souza, 2012); caméfita (Mioduski; Moro, 2011).

Ameaças

1 Habitat Loss/Degradation (human induced)
Detalhes A Mata Atlântica já perdeu mais de 93% de sua área e menos de 100.000 km² de vegetação remanesce. Algumas áreas de endemismo, como Pernambuco, agora possuem menos de 5% de sua floresta original. Dez porcento da cobertura florestal remanescente foi perdida entre 1989 e 2000 apenas, apesar de investimentos consideráveis em vigilância e proteção. Antes cobrindo áreas enormes, as florestas remanescentes foram reduzidas a vários arquipélagos de fragmentos florestais muito pequenos, bastante separados entre si. As matas do nordeste já estavam em grande parte devastadas (criação de gado e exploração de madeira mandada para a Europa) no século XVI. As causas imediatas da perda de habitat: a sobrexplotação dos recursos florestais por populações humanas (madeira, frutos, lenha, caça) e a exploração da terra para uso humano (pastos, agricultura e silvicultura). Subsídios do governo brasileiro aceleraram a expansão da agricultura e estimularam a superprodução agrícola (açúcar, café e soja). A derrubada de florestas foi especialmente severa nas últimas três décadas; 11.650km2 de florestas foram perdidos nos últimos 15 anos (284 km² por dia). Em adição à incessante perda de hábitat, as matas remanescentes continuam a ser degradadas pela extração de lenha, exploração madeireira ilegal, coleta de plantas e produtos vegetais e invasão por espécies exóticas (Tabarelli et al., 2005).

1.1 Agriculture
Detalhes A degradação do solo e dos ecossistemas nativos e a dispersão de espécies exóticas são as maiores e mais amplas ameaças à biodiversidade. A partir de um manejo deficiente do solo, a erosão pode ser alta: em plantios convencionais de soja, a perda da camada superficial do solo é, em média, de 25ton/ha/ano. Aproximadamente 45.000km2 do Cerrado correspondem a áreas abandonadas, onde a erosão pode ser tão elevada quanto a perda de 130ton/ha/ano. O amplo uso de gramíneas africanas para a formação de pastagens é prejudicial à biodiversidade, aos ciclos de queimadas e à capacidade produtiva dos ecossistemas. Para a formação das pastagens, os cerrados são inicialmente limpos e queimados e, então, semeados com gramíneas africanas, como Andropogon gayanusKunth., Brachiaria brizantha (Hochst. ex. A. Rich) Stapf, B. decumbens Stapf,Hyparrhenia rufa (Nees) Stapf e Melinis minutiflora Beauv. (molassa ou capim-gordura). Metade das pastagens plantadas (cerca de 250.000km2 - uma área equivalente ao estado de São Paulo) está degradada e sustenta poucas cabeças de gado em virtude da reduzida cobertura de plantas, invasão de espécies não palatáveis e cupinzeiros (Klink; Machado, 2005).

1 Habitat Loss/Degradation (human induced)
Detalhes A área total deCampos no sul do Brasil era 18 milhões de hectares, ao passo que em 1996 a área estava em 13,7 milhõesde ha (i.e. 23,7% da área total dessa região), sendo 10,5 milhões ha noRio Grande do Sul (área total: 28,2 milhões ha), 1,8 milhão ha em Santa Catarina(área total: 9,6 milhões ha) e 1,4 milhão ha no Paraná (área total: 20 milhõesha). Um decréscimo de 25% da área total dos campos naturais ocorreu nos últimos30 anos devido a uma forte expansão das atividades agrícolas. Houve um aumentosignificativo na produção de milho, soja e trigo, o que se deu às custas doscampos naturais, além da produção de arroz. Atualmente os três Estados daregião sul do Brasil produzem 60% do arroz no Brasil. O cultivo de árvoresexóticas tem recebido muitos incentivos, tanto das indústrias privadas quantodo governo, para a produção de celulose principalmente. Particularmente noscampos do Planalto Sul-Brasileiro, áreas que antes eram utilizadas com apecuária foram transformadas em plantações de Pinus sp. de grandesextensões, essas densas monoculturas não permitem o crescimento de plantas nosub-bosque, o que agrava significativamente os danos causados por estaatividade. Na região sul do Rio Grande do Sul também há a pressão exercida peloplantio de Eucalyptus sp., tambémlevando à perda de espécies campestres. A intensificação dos sistemas de produção pecuáriatem levado ao aumento na área de pastagens cultivadas. Apesar da altaprodutividade e potencial forrageiro de muitas espécies nativas, elas não sãoexploradas comercialmente e as pastagens cultivadas são produzidasprincipalmente com espécies exóticas. Outra forte ameaça é o sobrepastejo, quepossui conseqüências negativas para a cobertura do solo, facilitando adegradação em regiões com condições de solos vulneráveis, acelerando o processode erosão. Apenas 453km² dos Campos Sulinos estão protegidos em Unidades deConservação de proteção integral, o que equivale a menos de 0,5% da área total destaformação vegetal. A maior parte deste percentual está nos mosaicosde Campos e floresta com Araucária, nos Parques Nacionais dos Aparados daSerra, da Serra Geral e de São Joaquim (norte do RS e SC) (Overbeck et al., 2009).

Ações de conservação

1.2.1.3 Sub-national level
Observações: Espécie considerada Em Perigo (EN) pela Lista vermelha da flora de São Paulo (SMA-SP, 2004).

4.4.3 Management
Observações: Ocorre em Unidade de Conservação: Parque Estadual de Vila Velha, no estado do Paraná (CNCFlora, 2012).

Usos

Referências

- SOUZA, V.C. Angelonia integerrima in Angelonia (Plantaginaceae) in Lista de Espécies da Flora do Brasil., Jardim Botânico do Rio de Janeiro. Jardim Botânico do Rio de Janeiro. Disponivel em: <http://floradobrasil.jbrj.gov.br/2012/FB012878>.

- OVERBECK, G.E.; MÜLLER, S.C.; FIDELIS, A. ET AL. Os Campos Sulinos: um bioma negligenciado. In: PILLAR, V.P.; MÜLLER, S.C.; CASTILHOS, Z.M.S.; JACQUES, A.V.A. Campos Sulinos: conservação e uso sustentável da biodiversidade. p.26-41, 2009.

- KLINK, C.A.; MACHADO, R.B. A conservação do Cerrado brasileiro., Megadiversidade, p.147-155, 2005.

- TABARELLI, M.; PINTO, L.P.; SILVA, J.M.C.; ET AL. Desafios e oportunidades para a conservação da biodiversidade na Mata Atlântica brasileira., Megadiversidade, p.132-138, 2005.

- SETUBAL, R.B. Vegetação campestre subtropical de um morro granítico no sul do Brasil, Morro São Pedro, Porto Alegre, RS. Mestrado. Porto Alegre: Universidade Federal do Rio Grande do Sul, 2010.

- MENTZ, L.A.; LUTZAMBERGER, L.C.; SCHENKEL, E.P. Da flora medicinal do Rio Grande do Sul: notas sobre a obra de D'Ávila (1910)., Caderno de Farmácia, Porto Alegre, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, v.13, p.25-48, 1997.

- MIODUSKI, J.; MORO, R.S. Grupos funcionais da vegetação campestre de Alagados, Ponta Grossa, Paraná., Iheringia Série Botânica, v.66, p.241-256, 2011.

Como citar

CNCFlora. Angelonia integerrima in Lista Vermelha da flora brasileira versão 2012.2 Centro Nacional de Conservação da Flora. Disponível em <http://cncflora.jbrj.gov.br/portal/pt-br/profile/Angelonia integerrima>. Acesso em .


Última edição por CNCFlora em 19/09/2012 - 18:41:03